A terceira edição do Concerto de Moda da Serra Gaúcha encerrou seu Festival de Moda neste domingo deixando um legado de discussões enriquecedoras sobre temas que entrelaçam moda, cultura e sociedade. Realizado em Caxias do Sul, com atividades como palestras, mostra fotográfica, exibição de documentário entre os dias 4 e 10 de novembro, o ponto culminante ocorreu no último final de semana com a realização de dois desfiles. O evento destacou-se pela abordagem integrativa e educativa, atingindo um público fiel e contribuindo para o diálogo sobre a diversidade cultural da região.
Raul Cardoso, o organizador do festival, refletiu sobre o impacto do evento: “O festival deste ano alcançou e superou nossas expectativas. Isso se deve, em grande parte, ao alinhamento entre nossa visão e a participação ativa do público. Nosso objetivo de democratizar o acesso à moda foi claramente atingido, permitindo que diversas pessoas experienciassem pela primeira vez a dinâmica de um desfile de moda e a profundidade de temas culturais tratados.”
A programação se destacou particularmente por sua diversidade e inclusão. Realizado no Parque Cinquentenário, no sábado, os desfiles “Marcas do Tempo”, com a participação das marcas Gida Malhas, Biamar, Montefina e Melissa, ofereceram uma homenagem às imigrações que moldaram a identidade da moda local.
Já o desfile “Solo” exaltou os criadores locais como Martina Cambruzzi, NêgaNagô, Rachi Vanin, Camitcha, B.Bag. Encerrando lindamente a noite no Parque e promovendo a moda sustentável por meio do upcycling estiveram Ratazoni em colab com o artista visual Monty. Além das apresentações de música ao vivo, um dos destaques artísticos da noite foi o Espetáculo Cênico Musical Concerto de Moda que teve financiamento pela LIC Municipal e apoio cultural da Petenatti Indústria Têxtil.
No domingo, o público pode conferir o desfile “Antes de Todos, Nós”, realizado no Monumento Nacional ao Imigrante, que abriu um diálogo sobre imigração, diferenciando-a da colonização, e dando palco aos povos originários. “Precisamos reconhecer a diferença entre imigração e colonização. Dialogar com as páginas da nossa real história é o único jeito de pensarmos em uma moda com identidade e com raízes fortes” afirmou Raul.
Como forma de reforçar esta história, representantes da aldeia Kaingangue Fosá iniciaram e encerraram a programação do domingo. O desfile trouxe as marcas autorais Izabel Peteffi Basso, Vivian Boff Atelier e Atelier Lôla Salles. As criadoras foram longamente aplaudidas pelo público após o encerramento de cada apresentação.
“Ao falar sobre imigração e destacar os povos Kaingangues em nossos eventos, reforçamos a importância de conservar a identidade cultural e reconhecer nossa história coletiva. O festival torna a moda acessível, ocupando espaços públicos e transformando-os em locais de aprendizado e apreciação cultural”, completa.
Além dos desfiles e conferências, o festival proporcionou espaços para debates sobre como a moda pode ser uma expressão de identidade cultural e um vetor para a sustentabilidade. Reafirmando o compromisso com a inclusão, o festival utilizou a moda como ferramenta para engajar a comunidade, promovendo uma compreensão mais profunda da herança cultural e do potencial inovador da região.
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MAIARA BACHI
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