A topografia acidentada restringiu a cultura canavieira na Zona da Mata Sul. Uma iniciativa apostou seus 4 mil hectares em um sistema agroflorestal integrado, com plantio de floresta comercial e pecuária de corte, mantendo pequena área para algumas culturas. O resultado vem se mostrando acertado e em expansão. Hoje possui 700 ha com 200 mil árvores jovens, parte com eucaliptos e parte com mogno africano, combinados com 5 mil cabeças gado das raças nelore e aberdeen angus (inglesa). O gado tem a sombra das árvores, que não interferem na área de pasto.
A integração agroflorestal tem dado resultados para a Agropecuária Mata Sul, em Jaqueira, a 125 quilômetros do Recife. Os humores do mercado favoreceram os criadores de bovinos. O preço da arroba do boi custava R$ 230,00 no início de 2024 e chegou a ser negociado a R$ 350,0, na época em que os preços atingiram o patamar mais alto. Essa tendência de preço levou a empresa a ampliar o rebanho em 20% e destinar cerca de 200 cabeças para criação intensiva, em confinamento.
O diretor da Agropecuária Mata Sul, Felipe Bravo, acredita no potencial da combinação de floresta comercial com gado de corte. “A integração das atividades apresenta vantagens produtivas, econômicas e ambientais. É o casamento da produtividade com a sustentabilidade”, comenta o diretor da Mata Sul.
Vale dizer que a cultura canavieira resiste na região, em benefício da pecuária. A cana é uma silagem costumeira para o gado. Felipe Bravo conta que vai reservar uma área de 10 ha para a produção de cana-de-açúcar. “Será uma espécie de reserva, para o trimestre de janeiro a março, época da moagem das usinas, por isso, período em que a cana não está disponível em pequena quantidade”, prevê.
O maior trunfo da integração agroflorestal é que os dois negócios produzem, cada um, no seu tempo. O ciclo do gado criado de forma extensiva é de 2 a 3 anos; um pouco menor se confinado. A maturação para a colheita do eucalipto ocorre em 10 anos. O mogno africano, madeira nobre, pede 20 anos.
Em 2028, primeira colheita dos eucaliptos, a Agropecuária Mata Sul vai investir na instalação de uma madeireira, com autoclave, serras e contratações de cerca de 20 pessoas. O foco desse primeiro momento da madeireira será a produção de peças para a construção civil, paletes e postes de cerca, por exemplo.
Em outra frente, a empresa se prepara para a venda de créditos de carbono, regulamentada pelo Governo Federal, em dezembro. Além dos créditos referentes à atividade florestal, no interior da propriedade da Mata Sul existe a 630 ha da Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Frei Caneca. Como se trata de uma das maiores reservas da Mata Atlântica do Nordeste, valoriza o papel em defesa da sustentabilidade ambiental do empreendimento.
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CELSO DA SILVA CALHEIROS
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