Nos últimos anos, o número de casos de Herpes Zoster, também conhecido como “cobreiro”, tem aumentado de forma preocupante. De acordo com dados do DATASUS, sistema de informação do Sistema Único de Saúde (SUS), os registros de internações por Herpes Zoster no Brasil apresentaram um crescimento significativo nos últimos anos. Pessoas mais jovens, que antes não faziam parte do grupo de risco, passaram a apresentar a doença com mais frequência, reforçando a necessidade de investigação dos fatores desencadeantes.
O Herpes Zoster é causado pelo vírus varicela-zoster (VZV), o mesmo que provoca a catapora. Após a infecção inicial, o vírus permanece latente no sistema nervoso e pode ser reativado anos depois, especialmente quando o sistema imunológico está enfraquecido. Seus principais sintomas incluem dor intensa, queimação na pele, formigamento e o surgimento de bolhas em regiões específicas do corpo.
A pandemia de Covid-19 pode ter influenciado o aumento dos casos de Herpes Zoster. Um dos fatores é a infecção pelo SARS-CoV-2, que enfraquece o sistema imunológico. O vírus pode reduzir a quantidade de linfócitos T, essenciais para manter o vírus varicela-zoster em latência. Além disso, o uso de medicamentos imunossupressores, como corticoides, para tratar casos graves de Covid-19 também pode ter contribuído para o aumento.
Fatores emocionais, como o estresse crônico e o isolamento social, também impactaram a saúde mental durante a pandemia, aumentando o nível de cortisol, que prejudica o sistema imunológico. Este quadro facilita a reativação do vírus varicela-zoster.
Houve discussão sobre a relação entre a vacinação contra a Covid-19 e o aumento de casos de Herpes Zoster. Relatos indicam que algumas pessoas apresentaram a doença após a vacinação. Contudo, estudos mostram que a vacina não provoca o Herpes Zoster. A reação imunológica pode, em raros casos, reativar o vírus, mas a ocorrência é rara e não supera os benefícios da vacinação.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Herpes Zoster afeta cerca de um terço da população mundial ao longo da vida. Dados do Ministério da Saúde do Brasil indicam que a doença acomete mais de 300 mil pessoas anualmente no país, com predominância em pessoas acima de 50 anos. O aumento de casos em jovens reforça a necessidade de investigação dos fatores desencadeantes.
Para prevenir o Herpes Zoster, a vacina é recomendada para pessoas com mais de 50 anos ou imunocomprometidos. Além disso, controlar o estresse, manter uma boa alimentação, sono adequado e prática de atividades físicas são fundamentais para fortalecer o sistema imunológico. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforça que a vacina contra o Herpes Zoster é segura e eficaz, reduzindo o risco de neuralgia pós-herpética, uma das complicações mais temidas da doença.
A prevenção é a melhor estratégia. Pessoas com mais de 50 anos e imunocomprometidos devem considerar a vacina contra o Herpes Zoster, além de manter hábitos saudáveis. Buscar informações com base em evidências é essencial para desmistificar falsas crenças sobre a vacinação e garantir a proteção contra ambas as doenças.
*Alessandro Castanha da Silva é especialista em Microbiologia Clínica e professor da Escola Superior de Saúde Única do Centro Universitário Internacional – Uninter
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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