Aos 86 anos, o cantor Agnaldo Rayol faleceu após sofrer uma queda em sua casa, localizada na Zona Norte de São Paulo. Recentemente, o presidente Lula sofreu uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, e precisou levar cinco pontos na cabeça. Ambos os acontecimentos reforçam a necessidade da prevenção a acidentes domésticos com idosos.
Segundo dados do Ministério da Saúde, em pessoas com mais de 65 anos, 70% das quedas ocorrem dentro de casa, sendo a terceira causa de mortalidade dessa faixa etária. Esses episódios muitas vezes resultam em fraturas ou complicações sérias, que podem impactar diariamente a qualidade de vida.
“Para evitar acidentes domésticos, é fundamental adaptar o ambiente conforme as necessidades específicas de cada idoso, com o objetivo de proporcionar mais segurança e autonomia. Barras de apoio em locais como banheiros, corredores e áreas de maior circulação ajudam muito, assim como garantir uma iluminação adequada em todos os cômodos. São medidas que podem realmente fazer a diferença no dia a dia. Reorganizar os móveis e remover objetos soltos, como tapetes ou fios, também é importante, bem como evitar obstáculos que possam dificultar a mobilidade e aumentar o risco de quedas’’, conta Luciana Ferreira, terapeuta ocupacional da Hapvida NotreDame Intermédica.
Além das adaptações no ambiente, outras medidas são essenciais, como maneiras de aumentar a resistência física dos idosos. Dulcilene Fernandes, fisioterapeuta da Hapvida NotreDame Intermédica, destaca a importância da prática regular de exercícios. “É primordial inserir na vida dos idosos a prática regular de atividades físicas, com objetivo de obter fortalecimento muscular e ganho de equilíbrio, o que, além de prevenir quedas e acidentes, proporciona segurança e bem-estar ao realizar as suas atividades de vida diária. Esses exercícios devem ser realizados de maneira orientada, respeitando as limitações e necessidades individuais de cada pessoa, para garantir que realmente tragam benefícios’’.
Simultaneamente, algumas doenças crônicas podem propiciar a ocorrência de quedas, como depressão, diabetes, hipertensão arterial, artrite, Parkinson, Alzheimer e AVC. “É imprescindível que o idoso tenha acompanhamento médico regular e siga as orientações dadas pelo especialista e pela equipe multiprofissional”, informa a geriatra da Hapvida NotreDame Intermédica, Isabella D’amico.
Além dessas precauções, é essencial incentivar a independência do idoso. Isso pode ser feito promovendo atividades que estimulem sua autonomia por meio da realização de tarefas cotidianas, como preparar refeições leves ou cuidar de plantas. Essas ações não apenas ajudam a manter as habilidades motoras e cognitivas, mas também reforçam a autoestima e a sensação de controle sobre suas vidas.
A família também desempenha um papel importantíssimo nesse processo. Deve oferece suporte e disponibilidade para ajudar quando necessário, assegurando que o idoso possa tomar decisões e realizar atividades de forma autônoma. Esse equilíbrio entre assistência e autonomia é fundamental para que os idosos se sintam valorizados e respeitados, o que reflete diretamente em sua qualidade de vida.
Programa de Assistência ao Idoso (PAI) – Com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, a Hapvida NotreDame Intermédica reforçou a oferta de planos de saúde para idosos e tem investido em programas de prevenção para beneficiários com 60 anos ou mais. Na rede, em todo o país, 56 mil pessoas participam do Programa de Assistência ao Idoso (PAI), criado inicialmente para atender pacientes com comorbidades, fragilidade ou dependência.
O PAI oferece atendimento integral aos idosos com um time formado por geriatras, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais, gerontólogos e psicólogos, além da equipe de enfermagem. Os pacientes têm um canal de comunicação direto com os profissionais de saúde para marcação de consultas, esclarecimento de dúvidas e acompanhamento. Podem participar do programa pessoas com 60 anos ou mais que passaram por internações recentemente e/ou com alterações importantes na sua condição de saúde e de bem-estar. Hoje, 46% dos participantes têm entre 71 e 80 anos. As mulheres representam 62% dos pacientes e os homens, 38%.
Reabilitação – Após a queda, a reabilitação é um processo essencial, onde o aprimoramento físico e o apoio psicológico caminham juntos, devolvendo autonomia e bem-estar. Na Versania Brasil, clínica especializada em reabilitação e cuidados paliativos, em Belo Horizonte, os pacientes são avaliados por uma equipe multidisciplinar de reabilitação para identificar suas capacidades e incapacidades. Na sequência, é traçado um plano terapêutico personalizado para cada um deles.
“Como a queda pode causar muitos danos, a primeira etapa é identificarmos qual foi esse dano. Se o idoso tiver quebrado a coxa (o fêmur) e não consegue andar, mas os braços e a outra perna estão bons, e não bateu a cabeça, o tratamento é um. Já quando cai, bate a cabeça, tem sangramento, não consegue falar e não movimenta os membros, o tratamento é totalmente diferente”, ressalta o fisiatra Ricardo Diaz Savoldelli, que é coordenador nacional de reabilitação e transição de cuidados da empresa, que integra à multinacional espanhola Keralty.
Na Versania, o paciente pode permanecer internado para receber os cuidados adequados durante a transição entre a alta do hospital e o retorno para casa. O cuidado é coordenado e intensivo, com uma equipe composta por médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos e nutricionistas, entre outros profissionais. “O objetivo é oferecer o melhor suporte na recuperação do idoso que sofreu uma queda, perdeu funcionalidade e precisa recuperar sua autonomia”, explica o fisiatra.
De acordo com Savoldelli, na Versania, o número de atendimentos a pacientes que tiveram quedas chega a, pelo menos, um mensalmente. “Esse número poderia ser, ainda, maior”.
A conscientização sobre o risco contínuo de queda é fundamental. “Os idosos, muitas vezes não querem dar trabalho aos familiares, escondem que caíram, o que pode ser perigoso”. Nesse caso, ele orienta aos familiares a observarem sempre o comportamento de seus entes queridos e perguntarem, sempre, se caíram.
O fisiatra alerta que as estatísticas mostram que a cada quatro idosos, um vai cair nos próximos 12 meses, e que um idoso cai por minuto no Brasil. “Ou seja, é uma epidemia de quedas, do qual pouco falamos, mas deve ser lembrada e abordada, tanto pelos profissionais de saúde como pela mídia, pois muitos idosos beneficiar-se-iam de um programa de prevenção de quedas ou de um cuidado de reabilitação”.
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LORRAINE GABRIELLE SILVEIRA SOUZA
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