Em vários países, mais antigos e mais adiantados do que o nosso, existem os “bosques da memória”. São espaços ocupados por árvores plantadas para recordar vultos memorialmente imperecíveis.
Todas as cidades possuem cidadãos merecedores dessa homenagem singela. Pensemos nos professores: aqueles heróis, quase sempre mulheres que enfrentaram classes de alunos, muitos deles rebeldes, para ensinar-lhes coisas importantes. Transmitiram conhecimento, mas também aquelas “palavras mágicas”, hoje tantas vezes esquecidas: “por favor, muito obrigado, com licença, desculpe-me”.
Mourejaram durante décadas, cumpriram sua missão. Quem se lembra delas?
Menciono a docência, por ser a carreira mais preciosa. Dela depende o sucesso de todas as demais profissões. Mas há uma infinidade de seres humanos que viveram, sonharam, sofreram, sorriram e choraram. E já estão no etéreo. Não vale a pena uma lembrança deles, sob a forma de uma árvore que signifique sua passagem pelo planeta?
Penso nas vítimas da epidemia de COVID19. Não tiveram sequer o direito ao luto reverencial. Os velórios eram encurtados, pelo medo do contágio. Não é o momento de agora homenageá-los, destinando um exemplar arbóreo para cada ser finito, para cada alma que já não está entre nós?
Pessoas sensíveis e que cultivem a virtude modesta da gratidão deveriam se encarregar dessa cruzada. Além de prestigiar a memória dos falecidos, contribuiria para reduzir os maléficos efeitos das altas temperaturas, que matam mais do que as ondas de frio. E a cidade ficará mais verde, mais agradável e mais bonita.
*José Renato Nalini é Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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LUCIANA FELDMAN
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