O consumo de álcool no Brasil representa uma questão de saúde pública que demanda atenção imediata. Dados da Fiocruz revelam que o álcool é responsável por 12 mortes por hora no país, o que destaca a magnitude do problema. Esse cenário reflete como o hábito de beber está enraizado na cultura brasileira, impactando tanto a saúde individual quanto o bem-estar social. Além disso, a falta de estratégias eficazes para enfrentar o alcoolismo agrava suas consequências, exigindo uma abordagem ampla que considere suas causas, efeitos e possíveis soluções.
No Brasil, o consumo de álcool é associado à celebração, socialização e alívio do estresse. A ampla aceitação social e a fácil disponibilidade de bebidas alcoólicas contribuem para que o hábito se perpetue. A publicidade também desempenha um papel importante, ao glamourizar o consumo e criar uma falsa sensação de normalidade em torno do álcool. Além disso, dificuldades econômicas, falta de acesso a serviços de saúde mental e a pressão social para lidar com problemas de forma independente fazem, com que muitas pessoas usem o álcool como uma fuga rápida para aliviar as tensões do dia a dia.
Os efeitos do alcoolismo afetam não apenas os consumidores, mas também o meio familiar, social e profissional. Além de aumentar o risco de doenças graves, como cirrose hepática, câncer, hipertensão e transtornos mentais, o álcool contribui para acidentes de trânsito, violência doméstica e conflitos interpessoais. Entre os homens, que apresentam índices mais elevados de consumo, os comportamentos impulsivos relacionados ao álcool resultam em taxas alarmantes de mortalidade por acidentes e homicídios. Essa realidade sobrecarrega o sistema público, gerando custos sociais significativos.
Para enfrentar o alcoolismo, é fundamental adotar estratégias que combinem educação, políticas públicas e mudanças culturais. Campanhas educativas precisam desmistificar a ideia de que o álcool é indispensável para socializar ou relaxar, especialmente entre os jovens. Paralelamente, é necessário fortalecer políticas públicas, como restringir a publicidade, aumentar os impostos sobre bebidas alcoólicas e aplicar controle mais rigoroso na venda.
Melhorar o acesso a serviços de saúde mental também é essencial. Muitas pessoas evitam buscar ajuda por vergonha ou desconhecimento, perpetuando o ciclo do vício. Oferecer suporte emocional, sem julgamentos, pode ser um passo decisivo para reduzir o consumo abusivo e suas consequências. Além disso, é fundamental promover espaços de diálogo para que questões emocionais sejam abordadas de forma saudável e construtiva.
O alcoolismo no Brasil é um problema complexo, mas não intransponível. Com educação, políticas eficazes e ações integradas, é possível construir uma sociedade mais consciente e saudável, onde o álcool deixe de ser uma ameaça à vida e ao bem-estar coletivo. A mudança exige esforço conjunto e começa com o reconhecimento de que a saúde é um compromisso coletivo e uma responsabilidade individual.
*Elaine Cristine de Souza Martins é nutricionista, mestranda em Alimentação e Nutrição e professora do curso de Nutrição do Centro Universitário Internacional Uninter.
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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