Os eventos climáticos não só continuarão a ocorrer, como serão cada vez mais frequentes e intensos. A natureza está com a palavra e a ação. Responde aos desmandos humanos e, na sua inconsciência, se vinga da humanidade. Só que os mais prejudicados são aqueles que menor responsabilidade têm quanto ao descalabro dos maus-tratos perpetrados contra o ambiente.
Sim. Os mais carentes, aqueles que ocuparam as margens dos córregos, dos rios e das represas. Os que não tiveram arquiteto para projetar suas casas. Moradias toscas, edificadas em mutirão, com material de terceira categoria. É evidente que essas casas serão as primeiras a sucumbir aos vendavais, às tempestades, às fortes rajadas de vento.
Os que vão morar em encostas que tendem a deslizar, também serão os primeiros a sofrer com os desabamentos, os deslizamentos de terra, a movimentação natural de áreas que não podem ser destinadas à ocupação pelos humanos.
Por isso, é responsabilidade de todos esclarecer essas pessoas de que elas correm perigo de vida, o melhor, perigo de morte, se vierem a acreditar nos que as enganam, que vendem terrenos irregulares, que afirmam não existir problema e chegam até a assinar escrituras inválidas, os “contratos de gaveta”. Esses malandros desaparecem depois de conseguir o dinheiro dos incautos. Estes é que serão as vítimas preferenciais dos fenômenos climáticos que não são naturais, mas provocados pela cupidez dos homens, pela ambição, pela irresponsabilidade assassina.
Prestigiemos as ações da administração municipal garantidoras de qualidade de vida. Façamos de nossa cidade um lugar resiliente, em que todos sobreviverão, pois as construções só se farão em espaços adequados e não sujeitos às intempéries. Não entreguemos ao clima hostil as suas vítimas preferenciais. Pode ser difícil, mas não é impossível. Nossa missão é salvar vidas.
*José Renato Nalini é Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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LUCIANA FELDMAN
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