Por Alefe de Souza:
O planeta está em chamas e a desinformação sobre as mudanças climáticas está alimentando o fogo. Incêndios devastadores na Amazônia, inundações históricas no Rio Grande do Sul e secas prolongadas no Nordeste são apenas alguns dos impactos das mudanças climáticas no Brasil que se intensificam a cada dia, pintando um quadro alarmante. No mundo a situação não é diferente: ondas de calor extremo na Europa, incêndios históricos nos Estados Unidos e o derretimento acelerado das geleiras são outros exemplos da crise ambiental que estamos enfrentando.
Enquanto a ciência alerta para a urgência de agirmos, um outro fenômeno agrava ainda mais a situação: as fake news sobre o clima. Em um mundo inundado de informações, a desinformação sobre as mudanças climáticas se espalha rapidamente e principalmente pelas redes sociais, impulsionada por algoritmos que priorizam conteúdos que engajam, mas que muitas vezes são sensacionalistas e falsos. Essa enxurrada de informações falsas contamina o debate público, porque quando negamos as evidências científicas e semeamos dúvidas sobre a gravidade da crise, nós estamos atrasando a implementação de políticas eficazes, aumentando os riscos de eventos climáticos extremos e dificultando a mobilização da sociedade para enfrentar o maior desafio da humanidade até aqui.
Milhões de pessoas no Brasil e no mundo já sentem os impactos das mudanças climáticas e as consequências dessa inação são sentidas por todos nós, aqui e agora. Não estamos mais falando de um problema para as futuras gerações, mas de uma realidade que afeta nossas vidas hoje. Esses eventos climáticos extremos que se tornaram cada vez mais frequentes e intensos, como incêndios florestais devastadores, inundações catastróficas e tempestades mais violentas, tem causado a destruição de casas e propriedades, a escassez de alimentos e água, grandes prejuízos econômicos e sociais e infelizmente, têm causado a perda de vidas.
No Brasil, as mudanças climáticas já impactam diretamente a vida de milhões de pessoas. A região Norte, por exemplo, enfrentou uma crise hídrica em 2024 com uma das piores estiagens da história. A redução das chuvas afetou o abastecimento de água e a agricultura, além de prejudicar o equilíbrio ambiental. Enquanto o sul e sudeste sofre com inundações cada vez mais frequentes. Exemplo disso foi aquela considerada como a pior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul, onde as fortes chuvas que atingiram o estado em maio de 2024 provocaram a morte de 183 pessoas. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as emissões de gases de efeito estufa no Brasil precisam ser reduzidas em 43% até 2030 para evitar os piores impactos da crise climática. A desinformação sobre o clima atrasa essa urgente transição para um futuro sustentável. É fundamental que cada um de nós se informe, cobre ações dos nossos representantes e participe de iniciativas que promovam a justiça climática.
As fake News sobre o clima não se limita a internet e as redes sociais. Infelizmente nós vemos notícias falsas e manipuladas espalhadas por alguns veículos de imprensa, que deveriam ser os guardiões da verdade, mas que por vezes se curvam aos interesses de grupos econômicos poderosos. Políticos populistas também, em busca de votos, contribuem para essa disseminação de mentiras, criando um clima de incertezas e medo na população. Nós vimos isso acontecer em países como os Estados Unidos, onde alguns veículos de comunicação negam o consenso científico sobre as mudanças climáticas, e em países como o Brasil, onde alguns políticos populistas espalham notícias falsas sobre o desmatamento da Amazônia.
A desinformação sobre o clima é uma arma poderosa utilizada por aqueles que negam a ciência e buscam manter os seus próprios interesses. Mas nós podemos desarmá-la. Assim como nos unimos para combater uma pandemia, as crises econômicas, os conflitos sociais. Assim como a gente se indigna com a fome, com as guerras e com a desigualdade social, devemos ter o mesmo sentimento de revolta contra a desinformação e aqueles que a propagam. A crise climática exige de nós uma mudança de paradigma. Não basta mais só economizar água e energia, separar o lixo, reciclar uma ou outra coisa, essas práticas já deveriam ser parte do nosso dia a dia a muito tempo. Nós precisamos ir além, questionando todos os nossos hábitos e como eles impactam o meio ambiente. Passou da hora de nós exigirmos de nossos líderes políticas climáticas que sejam ambiciosas e de nos engajarmos em ações individuais e coletivas para construir um futuro sustentável.
A desinformação é sim um obstáculo, que muitas vezes nos frustra e desmotiva, mas ela não pode apagar a esperança. A história mostra para nós que a humanidade é capaz de grandes feitos quando se une por um objetivo comum. Páginas gloriosas já foram escritas na história, mas agora é hora de nós escrevermos um novo capítulo onde a sustentabilidade e o cuidado com o planeta sejam protagonistas. O tempo está se esgotando. Não podemos mais adiar as nossas decisões. É hora de agir. É hora de mudar. É hora de construir um futuro melhor. Ou melhor: é hora de garantir que exista um futuro!
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Carlos Irineu da Silva
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