As férias de verão chegaram, mas para muitas famílias brasileiras, o sonho de viajar de avião está cada vez mais distante. Com novo aumento de 22,65% nas passagens aéreas, o transporte aéreo se torna um luxo inacessível para grande parte da população. Esse índice expõe um problema que vai além da sazonalidade: a crescente dificuldade de equilibrar o desejo de viajar com os custos proibitivos.
O que causa esse encarecimento, especialmente em um cenário onde o preço do querosene de aviação caiu 3,74%? A resposta está em uma combinação de fatores: alta demanda sazonal, custos operacionais elevados, inflação persistente e uma estrutura de mercado concentrada em poucas companhias aéreas. Em outras palavras, mesmo que um insumo que compõem a viagem aérea fique mais barato, outros fatores acabam pesando na conta final.
Para o consumidor, o impacto é claro: menos viagens. Muitas famílias que planejavam visitar parentes, explorar novos destinos ou simplesmente aproveitar o descanso agora se veem obrigadas a reconsiderar seus planos. A viagem de avião volta a ser um privilégio restrito. Isso não afeta apenas os viajantes, mas também destinos turísticos que dependem do fluxo de visitantes, especialmente aqueles acessíveis apenas por via aérea.
Enquanto isso, a busca por alternativas cresce. Viagens de carro ou ônibus, embora mais econômicas, podem ser cansativas, longas e, em muitos casos, inviáveis. Quem mora em regiões distantes ou em áreas mal atendidas por rodovias sente ainda mais o impacto. O resultado? Destinos turísticos afastados sofrem com uma queda de visitantes, prejudicando suas economias locais e aumentando a desigualdade no desenvolvimento regional. O cenário é desafiador e pede soluções estruturais. Reduzir a concentração de mercado no setor aéreo, investir em infraestrutura e incentivar alternativas de transporte eficientes são passos fundamentais para democratizar o turismo. Além disso, políticas públicas que estimulem o transporte aéreo regional poderiam reequilibrar essa balança, oferecendo opções mais acessíveis.
Por enquanto, o horizonte permanece nebuloso. O brasileiro, precisa escolher entre adiar o descanso sonhado ou buscar destinos mais próximos, onde o transporte aéreo não necessário.
É hora de questionarmos: até quando a passagem aérea permanecerá sendo um limitador do turismo nacional? Se o transporte aéreo não voltar a ser uma opção viável, especialmente em épocas como o verão, o país perderá mais do que viagens. Perderá oportunidades reais de desenvolvimento do turismo doméstico e, acima de tudo, de promover a inclusão de milhões de brasileiros no acesso ao lazer, à cultura e à valorização e integração nacional. O transporte aéreo, mais do que um meio de locomoção, é uma ponte para conectar pessoas, impulsionar economias regionais e fortalecer o sentimento de pertencimento em um país de dimensões continentais. A manutenção dos preços nas alturas é, uma barreira ao progresso e um retrocesso no direito de viajar e explorar o Brasil.
*Grazielle Ueno é professora e coordenadora do curso superior de tecnologia em Gestão de Turismo do Centro Universitário Internacional Uninter
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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