A soja, uma das principais commodities agrícolas do Brasil, que enfrentava um momento crítico de preços baixos, reagiu no mercado brasileiro nos últimos dias de novembro, com apoio do dólar que chegou a registrar recordes. De acordo com o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), foram registrados aumentos no Porto de Paranaguá (1,21%), no oeste da Bahia (1,65%) em comparação ao mês de outubro. Já no triângulo mineiro e em Dourados (MS) os valores praticados continuam em baixa, conforme levantamento do Valor Data e Scot Consultoria.
No mercado internacional, a soja fechou com leve alta (0,08%), em uma sessão marcada por volatilidade na bolsa de Chicago. Isso se deve também à divulgação de dados da demanda: o saldo líquido de vendas dos Estados Unidos aumentou 34% na última semana, totalizando 2,49 milhões de toneladas, o maior volume registrado no ano comercial de 2024/25, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
“A redução dos estoques globais, associada a um aumento na demanda por parte da China e outros grandes importadores, é um dos principais fatores que pode impulsionar a melhora. Além disso, também os eventos climáticos extremos em regiões produtoras, como Estados Unidos e América do Sul. Monitorar a política de biocombustíveis dos EUA e as disputas comerciais entre grandes potências é crucial para entender os movimentos do setor”, explica Thays Moura, sócia-fundadora da Agree – empresa especializada na captação de recursos para o agronegócio.
Os valores baixos impactam não apenas a rentabilidade, mas também afetam diretamente as condições oferecidas pelos credores. “A alta produção global e o aumento de oferta pressionam o mercado da soja, reduzindo as margens de lucro. Isso afeta a capacidade de pagamento e, consequentemente, a avaliação de risco para concessão de empréstimos. Bancos e instituições financeiras têm sido mais cautelosos, exigindo garantias mais robustas ou limitando o crédito disponível. Desta forma, os índices de endividamento podem subir, especialmente para agricultores com contratos anteriores à queda”, afirma a especialista.
Além de prejudicar a rentabilidade, o excesso de oferta e baixa demanda afeta até mesmo as próximas negociações. “O cenário atual pressiona os contratos futuros, pois muitos compradores buscam valores ainda menores. Neste caso, deve-se considerar os custos de produção, exigindo o mínimo viável para manter a operação sustentável e avaliar as condições antes de fechar negócio. É fundamental buscar assistência especializada para garantir que os acordos protejam suas margens, apesar do mercado”.
Nesse panorama de incertezas, a orientação é de que priorizem a organização financeira e a preparação de documentos que demonstrem a viabilidade do negócio. “Ter projeções de receita e despesa bem detalhadas é essencial para facilitar a aprovação. É recomendável explorar linhas específicas do setor agrícola, como do Plano Safra, para a obtenção de recursos mais baratos e com prazos adequados. Em menor escala, o produtor também pode buscar alternativas de crédito privado, como aquelas oferecidas por fintechs especializadas no agronegócio, que têm processos mais ágeis e flexíveis”, indica Thays.
Ainda conforme a especialista, os agricultores devem buscar estratégias considerando a volatilidade dos preços e a expectativa de estabilização. “Uma opção é recorrer a operações de hedge, ou seja, utilizar instrumentos financeiros com o objetivo de proteger parte do custo da produção; diversificar contratos e parcerias para explorar alternativas de comercialização com cooperativas ou programas de exportação direta; e investir na manutenção da qualidade dos grãos enquanto aguardam o melhor momento para a venda em estoques com armazenamento eficiente”, sugere.
Outra dica importante é estar atento às soluções tecnológicas que podem apoiar na gestão do crédito e do risco. “A adoção de plataformas digitais para organizar suas informações e enviá-las aos bancos de forma mais estruturada é fundamental para acessar crédito mais barato e negociar contratos, sendo um diferencial para enfrentar as inseguranças do mercado. Além disso, o apoio de consultorias pode ajudar os produtores a navegarem neste período de baixa com maior segurança”, conclui Thays.
Sobre a Agree
Fundada em 2022 a partir da união de profissionais com mais de 15 anos de experiência na área de crédito para o agronegócio, a Agree é uma empresa especializada na captação de recursos financeiros para produtores rurais e empresas do agro. Com tecnologia, transparência, proximidade e atendimento personalizado, oferece as melhores oportunidades de financiamento, conectando quem precisa de crédito a quem tem recursos para impulsionar os negócios. A empresa já soma R$ 500 milhões em crédito aprovado, + R$ 1 bi em limites de crédito aprovado, parceria com +20 instituições financeiras, além de ter representações em Goiás, Bahia e Distrito Federal. O portfólio de serviços inclui, ainda, oportunidades de captação de recursos no Mercado de Capitais e consultoria para reestruturação de finanças.
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LILIAN DA CRUZ
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