A Conferência das Partes (COP), órgão supremo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, em inglês), reúne anualmente representantes de países membros para dialogar e tomar decisões sobre a crise climática global. Em novembro de 2024, o encontro foi realizado em Baku, no Azerbaijão. Em 2025, a COP terá como palco a capital paraense, Belém, localizada na Amazônia brasileira. A escolha da cidade, no coração da maior floresta tropical do planeta, representa uma oportunidade única para reforçar os debates sobre o papel estratégico da Amazônia, frequentemente chamada de “pulmão do mundo”, na regulação climática global e preservação ambiental.
Discutir as alterações climáticas no contexto amazônico em qualquer lugar do mundo já possibilita debates significativos e subsidia decisões importantes diante da crise climática que enfrentamos. Contudo, um dos locais mais apropriados para aprofundar essas discussões é o próprio berço da floresta amazônica, a cidade de Belém, porta de entrada para a Amazônia. Isso se deve ao fato de que a Amazônia abriga uma biodiversidade incomparável e um ecossistema rico em indicadores ambientais, que evidenciam de forma direta os impactos das mudanças do clima. Realizar esses debates em um cenário tão emblemático proporciona uma conexão única entre teoria e prática, além de destacar a urgência de ações globais para preservação da região amazônica.
Nesse ambiente, representantes de todo o mundo terão a oportunidade de debater a Amazônia, enquanto vivenciam o seu contexto. Será possível discutir o aumento do nível das marés diretamente com as comunidades que enfrentam esses desafios diariamente, analisando de perto os impactos dessa dinâmica. Além disso, as dificuldades enfrentadas pelos povos originários poderão ser tratadas, olhando diretamente para as suas realidades, de forma a compreender suas condições de vida, observando os seus territórios. A Amazônia, nesse contexto, transforma-se em um cenário simbólico e estratégico, capaz de enriquecer as reflexões e impulsionar debates mais conectados com a realidade local.
Esse lugar deve, ainda, destacar as discussões sobre o crescente desmatamento e a exploração ilegal de madeira e garimpo, além dos conflitos fundiários que afetam povos indígenas e comunidades tradicionais. A realização da COP 30 na Amazônia deve ser um impulsionador para a formulação de acordos e compromissos sólidos em benefício da economia sustentável. Entre as alternativas a serem incentivadas, destacam-se o turismo sustentável e a bioeconomia, que oferecem modelos de desenvolvimento capazes de gerar renda sem comprometer os recursos naturais.
Por fim, a realização da COP 30 no Brasil representa uma oportunidade única para reposicionar o país como um protagonista na luta contra as alterações climáticas. A região norte, que abriga as áreas mais extensas e preservadas da floresta tropical amazônica, considerada a maior floresta tropical do mundo, pode se tornar um símbolo de uma nova era de sustentabilidade. Espera-se que as discussões ultrapassem os limites dos debates técnicos sobre créditos de carbono, avançando para um diálogo mais amplo e profundo sobre a degradação ambiental em escala amazônica, brasileira e global.
*Bruna Rocha de Oliveira Avellar é engenheira ambiental, mestra e doutoranda pela UFPR e professora do curso de bacharelado em engenharia ambiental da Uninter. Como parte de suas experiências em pesquisa científica, já trabalhou em projetos ambientais junto às comunidades ribeirinhas em benefício da sustentabilidade na várzea estuarina amazônica.
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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